ANGOLA - O músico que clama por uma maior divulgação da música gospel a nível nacional juntou colegas e amigos num espetáculo lírico, no Belas Shopping, um evento que quer tornar trimestral. Célsio Mambo diz que os artistas gospel devem apostar mais na qualidade, porque "se é para Deus, tem que se fazer o melhor".
A sala 1 do Cineplace, no Belas Shopping, acolheu na sexta-feira passada, durante duas horas, um espetáculo de música lírica organizado pelo cantor gospel Célsio Mambo. O artista, que tem um disco lançado em 2012 depois de um single no ano anterior, está atualmente em estúdio a preparar o seu segundo álbum, com previsão de lançamento para Dezembro. Este novo trabalho tem as participações dos músicos Bambila, Elizabeth Mambo e Gonçalves. O músico considera o disco um presente de Natal para os amantes da música gospel.
Célsio Mambo, que começou a cantar aos cinco anos na Igreja Metodista Unida de Monte Sinai, ganhou em 2012 a categoria ‘Música Gospel do Ano’ do Top dos Mais Queridos, da Rádio Luanda.
Pelo meio, em 2003, participou no concurso Estrelas ao Palco e ficou entre os finalistas ao interpretar uma música do italiano Andrea Bocelli, o que funcionou como um trampolim para o sucesso. A sua performance lírica concedeu-lhe ainda a honra de entoar o nino nacional da República na abertura da 41.ª edição do Mundial de Hóquei, em Angola, atuação marcada por aplausos e muita admiração da plateia. Célsio teve aulas de canto em Lisboa e ainda na igreja Metodista Unida, considerando as experiências em palco como a grande escola da sua vida. "É no palco que me vou aperfeiçoando a cada dia", afirma.
Como surgiu a escolha do Belas Shopping para este concerto?
A direção do próprio centro comercial está envolvida nisso. Apresentei um projeto de, trimestralmente, ir fazendo concertos de música lírica nesse espaço, com o objectivo de habituar as pessoas a um espaço onde possam assistir a um concerto de música lírica, para que isso faça parte da agenda cultural de grande parte dos luandenses. Esta é a primeira edição de um leque de vários espetáculos, que de certeza irão surgir. O pontapé de saída foi positivo.
Houve algum critério na seleção dos convidados?
São na sua maioria pessoas amigas e o projeto já estava no papel há mais de um ano. Sempre tive o sonho de cantar com o Gabriel Tchiema. Formulei o convite e ele aceitou. Os outros convidados são também artistas renomados e, felizmente, sempre que faço convites do gênero, aceitam.
Os concertos serão sempre apenas líricos?
A essência será a música lírica. Mas poderei eventualmente convidar, nas próximas edições, músicos que não fazem propriamente música lírica, para partilharem o palco comigo. Por exemplo, nesta edição convidei o músico Gabriel Tchiema, que não faz propriamente música lírica, mas emprestou o seu calor humano ao espetáculo e resultou muito bem. Quero ainda mostrar ao público que a música lírica também casa com outros estilos.
Deu para recuperar o investimento feito neste espetáculo?
Não. O fim não é lucrativo e estou consciente de que não vou recuperar o investimento, por isso também o módico preço. Nesta primeira edição a perspectiva foi também dar a conhecer ao público o que vai ser o meu próximo álbum, que provavelmente estará no mercado no mês de Dezembro. Acredito que os patrocínios e os meios virão a seu tempo.
Já temos público para este estilo?
Já sim. Estou nisto há 11 anos e durante esse tempo pude realizar três concertos quase todos lotados, mesmo sem fazermos grande publicidade. Com isso pude notar que este é um público diferente, que não vai aos shows populares. É uma assistência que prefere algo mais requintado ou mesmo reservado. É o meu público-alvo. Há ainda uma vasta gama de estrangeiros que aderem a estes espetáculos.
Quer dizer que o estilo está ‘elitizado’?
De certa forma sim, mas pela forma como ele é interpretado. Apesar desta tendência, eu faço de tudo para não ‘elitizar’ os meus espetáculos. Estamos a fazer algo um pouco mais mexido, com uma interpretação mais acessível, para que os jovens ganhem gosto por este estilo. Vale a pena destacar que, aos poucos, temos conseguido arrastar os mais jovens para a música lírica.
Os artistas gospel em Angola estão unidos?
De certa forma sim. Os artistas estão unidos também porque somos muito poucos a fazer este estilo, refiro-me principalmente aos que já estão com algum nome no mercado. Temos boas relações, somos de várias igrejas, mas com um único Deus e temos como finalidade única divulgar a sua palavra. Claro cada um tem a sua maneira, mas com um único fim, o Evangelho.
Têm tido apoios de entidades?
Falta apoio. A música gospel ainda está muito confinada às quatro paredes de uma igreja. A minha luta é fazer com que concertos deste estilo saiam do ciclo das igrejas e se abram para Angola. Eu defendo a perspectiva de que, num concerto gospel, podemos também convidar artistas que não façam propriamente o estilo, mas que de certeza irão atrair os seus fãs. Muitas vezes rotulamos que os que não fazem música gospel são mundanos. Eu não corroboro com isso. Cada um faz o seu trabalho e só Deus para ajudar.
É possível alguém não frequentar a igreja e ainda assim cantar gospel?
É muito complicado. Um artista gospel tem de ter origem e tem de saber quem é o seu líder. Afinal, toda a ovelha tem que ter um pastor, uma origem. Isso é muito importante de forma a orientar a sua mensagem.
Olhando para trás, houve mudanças de há dez anos para cá?
Houve alguma melhoria, mas a qualidade ainda peca muito. Os músicos gospel investem muito pouco na qualidade musical. Creio que, por ser uma mensagem de Deus, as pessoas pensam que podem transmiti-la sem o mínimo rigor ou qualidade. Eu debato muito sobre isso. Nesta altura estou a preparar o CD e aposto na qualidade, porque se é para Deus, tem que se fazer o melhor.
Temos em Angola produtores musicais específicos para o gospel?
Existem, mas no meu caso eu próprio cuido da produção e trabalho com produtores variados. Acho que música é música. Nós devemos passar as bases do que queremos transmitir e o produtor faz o resto.
Porque não aparecem os cantores gospel nos vários espetáculos populares?
Como disse atrás, confinam muito a música gospel à igreja. Pensam que o músico gospel só deve ser chamado em datas como o Dia da Paz ou em ocasiões fúnebres. Em espetáculos de grande gabarito o músico gospel nunca é tido nem achado. É uma barreira que se tem de vencer para que as pessoas não olhem para este músico simplesmente como artista da igreja. Ele é um evangelista para o mundo. Este é um impasse que temos de ultrapassar.
Qual o estado da música gospel a nível nacional?
Oiço muito pouco sobre o trabalho que se tem feito fora de Luanda. Já viajei por algumas províncias, mas se em Luanda já estamos como estamos, a nível das províncias é quase impensável devido às poucas oportunidades. Faz-se alguma coisa, mas tudo confinado ao circuito das igrejas e sem nenhuma divulgação, por exemplo, nos media.
Os líderes religiosos deviam ter um papel mais importante nisso?
Os líderes jogam um papel fundamental, que é a moralização dos jovens de que o músico gospel tem uma palavra a dizer na reconstrução da nova sociedade. O meu pastor debate sempre sobre isso. Por exemplo, quando estou a promover o meu trabalho, ele fala desses espetáculos a todos os irmãos. Muitas vezes, quando um artista gospel lança um disco, os irmãos solicitam que lhes seja oferecido. Ainda não há cultura de se apostar no artista, pensam que é tudo de graça. Já me debati muitas vezes com essa situação. São os próprios que exigem qualidade, mas não aceitam pagar pelo disco.
Como perspectiva a música gospel daqui a dez anos?
Acho que estará bem desenvolvida se as entidades e os próprios fazedores deste estilo apostarem na qualidade. Hoje [sexta-feira, dia do espetáculo no Belas Shopping] estou a fazer um concerto e não tive quase patrocínios. Foi tudo a custo próprio. Tive uma ou outra ajuda, claro, mas a força de vontade de mostrar o meu trabalho é que me faz persistir. Mesmo sabendo que fazer um concerto é muito oneroso.
A participação no Estrelas ao Palco foi um patamar para o estrelato?
Isso foi em 2003 e tudo começou por aí. Eu cantava na igreja e foi lá o meu pontapé de saída. Depois do Estrelas ao Palco, foi só somar e seguir. São já 11 anos a fazer música fora do ciclo de uma igreja e hoje já tenho um nome no mercado, as pessoas solicitam com alguma frequência os nossos serviços. Tive ainda em 2012 o galardão do top dos Mais Queridos, da Rádio Luanda, na categoria gospel, e no ano passado representei Angola em Cuba, na Feira Internacional do Livro. Tenho ainda em agenda, para Novembro, uma atuação em França, em alusão ao Dia da Independência Nacional, a convite do Ministério da Cultura daquele país.
Leia mais aqui: http://sol.sapo.pt
Olá tudo bom sou gildevaldo souza . Em passada por aqui gostei muito do que vi esta luta e muito boa estou torcendo por esse sucesso .
ResponderExcluirgosto muito deste louvor de vocês acho que a garganta dos africanos e de ouro não conhecoconheço quem canta tão bem como vcs irmãos africano vi um vídeo no YouTube da Igreja monte horebe em Luanda fiquei. Abençoado em ouvir melodia tão lindas com voz de ouro. Gostado de receber dicas de cantores africano em lingua portuguesa
Olá tudo bom sou gildevaldo souza . Em passada por aqui gostei muito do que vi esta luta e muito boa estou torcendo por esse sucesso .
ResponderExcluirgosto muito deste louvor de vocês acho que a garganta dos africanos e de ouro não conhecoconheço quem canta tão bem como vcs irmãos africano vi um vídeo no YouTube da Igreja monte horebe em Luanda fiquei. Abençoado em ouvir melodia tão lindas com voz de ouro. Gostado de receber dicas de cantores africano em lingua portuguesa