Por: Redacção / CP / TVi24
A arqueóloga Catarina Tente disse nesta segunda-feira que as escavações arqueológicas na envolvente da Igreja de São Miguel do Fetal, em Viseu, têm como objetivo encontrar uma igreja com mais de mil anos, que vem citada em documentos.
«As escavações em curso não visam encontrar mais uma igreja. Procuramos uma igreja com mais de mil anos, onde pode estar sepultado o último rei dos Visigodos», referiu, em declarações à agência Lusa.
A envolvente da Igreja de São Miguel do Fetal, em Viseu, está a ser alvo, desde segunda-feira, de trabalhos arqueológicos dirigidos pela investigadora Catarina Tente, no âmbito do Instituto de Estudos Medievais da Universidade Nova de Lisboa.
A iniciativa é financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian e tem o apoio do Município de Viseu.
«A igreja que procuramos vem citada em documentos do século X, durante a conquista de Viseu pelo rei asturiano, que diz que aqui estava sepultado o último rei dos Visigodos, o que dá grande importância a Viseu e a este sítio», esclarece.
Escavações de S. Miguel |
Catarina Tente explica que esta é já a segunda campanha de escavações realizadas no local, depois de uma primeira fase realizada no ano passado.
«A nossa área de intervenção é a envolvente da igreja do século XVIII - a Igreja de São Miguel do Fetal - onde estamos a escavar antigos edifícios de igrejas anteriores», informou.
A investigadora revela que para já, foi possível descobrir uma necrópole, que é «um cemitério medieval e moderno, que está muito destruído pelas obras para a construção da igreja do século XVIII que está no local».
«Também encontramos um ou dois (ainda não foi possível precisar), edifícios de igrejas anteriores à Igreja de São Miguel do Fetal», acrescentou.
A campanha arqueológica, levada a cabo por uma equipe de 10 pessoas, estará no terreno até domingo.
Para além da vertente da investigação, as escavações arqueológicas têm também um caráter formativo para os alunos de Arqueologia da Universidade Nova de Lisboa.
Sobre a campanha em curso, o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, sublinha que o conhecimento deste período é indispensável para Viseu.
«Temos uma centralidade histórica no país e na península que precisa de ser conhecida e redescoberta», sustenta.
A investigação arqueológica em São Miguel do Fetal insere-se num projeto de estudo sobre as relações de poder e a organização administrativa, política e eclesiástica da cidade de Viseu e do seu território, entre os séculos V a XI.
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