Local foi erguido onde imagem original da Virgem foi encontrada.
Por: Ingrid Bico e Natália Mello, Do G1 PA
Interior da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém |
Helma Garcia diz que frequentar a Basílica fortalece sua relação de fé com Maria. “Para mim, a Basílica é muito especial, a começar pela própria arquitetura, cheia de detalhes. Sem contar pelo lado espiritual. Dá para sentir a presença muito forte de Maria lá. Sempre quando estou por perto, passo lá para fazer minhas orações, agradecer, e às vezes rezar o terço. A sensação é de [estar no] colo de mãe”, revela.
Helma coordena um grupo de teatro da Paróquia de São Miguel Arcanjo, na capital paraense, e acredita que a energia que emana da Basílica é muito positiva. “Você vê muita gente indo visitar a igreja, mas outras pessoas vão fazer orações, grupos se unem para rezar. Essas pessoas carregam uma energia muito forte, você sente uma coisa diferente lá dentro. É como se você sentisse Espírito Santo pousando ali naquele santuário, principalmente nessa época do Círio”, afirma.
Segundo o professor e pesquisador do Círio, João Carlos Pereira, a igreja ajuda os fiéis a terem uma sensação de acolhimento e familiaridade. “O devoto vai à Basílica com o mesmo sentimento de saudade de um filho que volta à casa de sua mãe. Ele vai reencontrar a mãe. A relação do devoto com a Basílica tem a ver com o amor que nos aproxima de Nossa Senhora de Nazaré. O templo é o espaço do sagrado e Nossa Senhora de Nazaré é o próprio sagrado. Por ser a casa ‘dela’, os devotos se sentem mais próximos”, comenta.
“A Basílica é ponto de referência, espaço de acolhida e de oração. A Basílica Santuário é o ponto de chegada de uma caminhada longa e, às vezes, sofrida. Todos desejam chegar à Basílica, porque é lá que está a imagem da Senhora. É um símbolo da festividade do Círio. Impossível pensar a festa do Círio sem a Basílica”, define Pereira.
Templo mariano
Segundo a Diretoria da Festa de Nazaré, o Santuário foi a terceira basílica construída no Brasil, sendo inaugurada depois da Sé, na Bahia, e da São Bento, em São Paulo. Ainda de acordo com a Diretoria, o a igreja foi construída para substituir o primeiro local de adoração mariana do Pará, que tinha espaço muito mais reduzido: os padres Barnabitas, uma ordem italiana que atuava em Belém na primeira década do século XX, receberam a missão de aumentar o espaço da igreja para perpetuar a devoção nazarena. Porém, mesmo quando a igreja ainda nem estava próxima da condição de Basílica, já era considerada pelos devotos como um espaço de acolhida.
“O projeto arquitetônico da Basílica data de 1909, mas o prédio só começou a ser construído em 1910. Em meados de 1928, já estava parcialmente concluída; faltavam apenas algumas decorações finais e elementos de revestimento”, esclarece a professora Cybelle Miranda, doutora em Arquitetura e Urbanismo e especialista em Patrimônio Cultural.
Em 2006, a Basílica foi promovida a categoria de Santuário Mariano Arquidiocesano, por ser um centro de referência para peregrinos católicos devotos da Virgem Maria.
Inspiração italiana
O projeto da Basílica foi feito pelo arquiteto italiano Gino Coppedè, inspirado na Basílica de São Paulo Extramuros, de Roma. De estilo predominantemente clássico, a Basílica de Nazaré possui cinco naves divididas em 36 colunas de granito italiano, 53 vitrais franceses, 65 ilustrações em mosaico italiano, quinze estátuas de mármore, três grandiosas portas de bronze e nove sinos de bronze, que compõem o interior da igreja, onde é possível ver diversos detalhes de mármore colorido, como nas igrejas de Florença.
Um dos locais mais sagrados da Basílica é o Glória, onde fica a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré, encontrada pelo caboclo Plácido às margens do Igarapé Murucutu. Para João Carlos Pereira, é um das peças mais bonitas dentro do Santuário. “É belíssima, entalhada no mármore, que funciona não como um sacrário, mas como espaço único, no contexto dos altares de Belém. É o lugar mais alto, de mais difícil acesso, onde a Senhora reina soberanamente. É de lá que emana a grande energia que envolve o romeiro ou o visitante”, afirma.
“A Basílica de Nazaré segue um padrão basicamente clássico, mas tem muitos detalhes de origem bizantina, gótica, românica, e vários outros estilos. Isso porque a construção dela se deu dentro do período do ecletismo, e o ecletismo preconizava essa mistura: ou se construía uma edificação seguindo um único estilo ou seguia uma mescla de vários”, explica.
Um detalhe diferente na fachada chama a atenção daqueles observadores mais atentos. “No meio da fachada tem uma rosácea, característica da arquitetura gótica, e que é uma inspiração mariana. Há uma rosácea similar a esta na Catedral de Notre Dame, em Paris, que também é uma igreja mariana. Esta rosa simboliza Maria”, conclui a professora.
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