Por: Vanísia Nery, G1 AC
De traficante a pastor. A trajetória de Francisco Ferreira da Mota, de 36 anos, popularmente conhecido na cidade de Cruzeiro do Sul (AC) por “Fanta”, poderia virar um filme. O homem que hoje congrega para mais de 200 fiéis na Igreja Pentecostal Muralha de Fogo, já foi preso e detido na delegacia, segundo ele, mais de duas mil vezes. Fanta perdeu um dos braços para o que ele chama de 'guerra do tráfico' e após ficar três anos preso por um assalto, que afirma não ter participado, diz ter ouvido "a voz do Espírito Santo" e resolveu dar um rumo diferente à sua vida.
Nascido e criado em meio à marginalidade, Fanta morou por quase toda a vida no Bairro da Lagoa, área periférica da cidade, saindo de lá após a retirada das famílias devido a construção da ponte sobre o Rio Juruá. Foi lá que desde pequeno esteve em meio à droga e ao crime. Ele considera que muitas crianças e jovens se envolvem no mundo da criminalidade pela falta de oportunidade.
“Eu pelo menos não tive opção de vida, não tive a oportunidade de viver longe da vida da droga, do crime, da prostituição. Só Deus mesmo para fazer uma pessoa nascer ali em meio a tudo aquilo e permanecer intacta”, relatou o ex-presidiário.
Fanta lembra que foi detido mais de duas mil vezes na Delegacia Geral do município por motivos diversos que vão desde furtos, roubos, brigas, alcoolismo a até drogas. O número de detenções não é confirmado pela Delegacia, que não tem as ocorrências digitalizadas.
Para Fanta, o caso que mais lhe causa dor e arrependimento, foi o dia em que furou 19 pessoas em uma noite de Carnaval no ano de 1999, quando tinha 21 anos. “Me deram um tapão no pescoço, eu perguntei para minha namorada quem tinha me batido, ela disse que tinha sido um homem de camisa azul. Eu fui em casa peguei um punhal e furei todos que eu encontrava de camisa azul”, contou ao lembrar do passado.
Anos depois, em 2003, Fanta passou por uma situação que o marcaria pelo resto da vida. Em meio a um acerto de contas, em decorrência do envolvimento com drogas, ele acabou perdendo um dos braços. Nem mesmo a perda o fez sair da vida de criminalidade naquele momento.
“O meu braço perdi em uma guerra do tráfico, na verdade um acerto de conta. Com um facão o meu braço foi tirado. Já fui traficante e já fui viciado em todo tipo de droga”, disse.
Na penitenciária Manoel Nery da Silva, em Cruzeiro do Sul, o pastor foi preso apenas uma vez. Ele falou que apesar de ter cometido muitos erros na vida, nesta última vez, em 2007, ele foi preso injustamente acusado de um assalto em que não teve participação. Ele afirma que foi chamado na delegacia geral apenas para servir como testemunha e de lá foi levado para penitenciária. O ex-presidiário conta que passou três anos na cadeia, sendo libertado através de um indulto, que extinguia o restante de sua pena que era de sete anos.
“Ainda faltava quatro anos pra eu sair, quando pedi a Deus para Ele me tirar de lá para ganhar almas para Ele, no outro dia fui solto. Mesmo existindo trabalho de igrejas dentro da penitenciária, ninguém chegou a falar diretamente para mim. Na verdade eu ouvi a voz do Espírito Santo. Muitas pessoas falam que é loucura, mas se for ainda estou louco até hoje, pois ainda ouço essa voz”, relata.
Em 2010 quando saiu da penitenciária, Fanta conta que deu início a um trabalho com dependentes químicos, montando um grupo de oração chamado “Muralha de Fogo”. Trabalhando com jovens e adultos envolvidos com droga. Atualmente ele congrega na Igreja Pentecostal Muralha de Fogo, que funciona provisoriamente na varanda de sua residência. Contando com mais de 200 fiéis, o homem testemunha com orgulho a mudança passada em sua vida.
“Eu sou um ex-presidiário que hoje cuido de muitas famílias com amor e com carinho, eu não quero me beneficiar com nada, o que eu quero hoje é tentar fazer a mudança na vida de muitas pessoas como foi feito na minha. E que sempre há uma solução para qualquer problema, e essa solução se chama Jesus de Nazaré”, finalizou o pastor.
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