Ana ficou ali naquele banho por muito tempo, tentando entender o que acontecera minutos antes. A sua entrega a Eduardo não fora a mesma coisa que em outros momentos. Algo estava diferente. Mas será que não sabia o que era ou não queria admitir?
Ela achou estranho lembrar-se de Ricardo em meio ao ato de amor com Eduardo. Sentiu-se traindo seu marido, aquele momento, toda a história. Mas, ao mesmo tempo, desejou Ricardo. E isso foi o que mais surpreendeu Ana, porque ela nunca tinha pensado nele dessa forma. Será um desejo guardado e escondido que tinha sido revelado? O fato agora é que ela estava ali, casada com Eduardo, mas pensando em Ricardo. Sentia um vazio em sua alma que desejava muito preencher.
Ela desligou o chuveiro, se enxugou e parou. Ouviu uma música e reconheceu. Há muito tempo não a escutava. Viria da sala? Ela se enrolou na toalha e saiu para ver. Ao chegar, é surpreendida: luzes apagadas, velas espalhadas pela sala, mesa posta e Eduardo sentado com cara de satisfação.
- Pra você, amor.
Ela ficou sem palavras. Simplesmente sorriu, olhou tudo em volta e sentou-se.
- Sei que não tenho sido um bom marido até agora, mas prometo surpreendê-la ainda mais daqui para frente. Você é a mulher da minha vida.
Ana se inclinou e o beijou, sem dizer nada. Era tudo tão antagônico, seus pensamentos no banho e os acontecimentos da sala. Realmente estava perdida, não sabia como agir.
- Obrigada Edu, eu...
- Edu? Ah não, há quanto tempo não me chama de amor, de vida?
Ela sorriu e disse:
- Obrigada meu amor! Realmente não esperava isso de você. Essa música... faz tanto tempo que não a ouvimos.
- Sim, a nossa música.
Eles se olham. Ela quebra o clima e pergunta:
- Mas o que fez de jantar em tão pouco tempo? Estou faminta.
E toca a campainha.
- Nosso jantar chegou. Pizza.
Ela sorriu, apesar das circunstâncias, ele estava se esforçando para agradá-la.
E jantaram ali, com a trilha sonora da história deles, relembrando fatos marcantes, emocionantes, engraçados. Acabaram e deitaram-se, um grudado no outro, de "conchinha", como há tempos também não acontecia.
No outro dia pela manhã, Ana não podia negar sua satisfação. Acordara contente, fazendo café da manhã para ambos, preparando o que Eduardo gostava de comer e pensando em tudo o que acontecera. Quando um dos seus pensamentos chegou a Ricardo. "E agora, o que eu faço com esse sentimento?"
Semanas se passaram. Eduardo realmente se dispôs a mudar. Acordava cedo, preparava o café para ela, elogiava, fazia surpresas. Ana se afastou das aulas de dança por alguns dias, mas sentia falta do clima, da alegria, de sair da rotina. E de Ricardo.
Porém, não sabia bem como fazer para voltar a frequentar a academia sem que isso atingisse diretamente Edu. Então, resolveu não ir mais.
Em uma noite qualquer, já passava das 23 horas, seu celular tocou. Achou estranho, por não reconhecer o telefone, mas atendeu.
- Alô.
- Alô, Ana?
- Sim, quem é?
- Oi, é o Ricardo, tudo bem?
Por segundos sentiu um frio na barriga e ficou sem saber como atender, já que Edu estava ao seu lado, no sofá. Ana se levantou e foi para cozinha.
- Oi, tudo bem sim, e você?
- Tudo. Quer dizer, estou sentindo sua falta nas aulas. Faz mais de 1 mês que não aparece. Tive até que arrumar outra parceira. – Diz em tom de brincadeira.
- Ah é? Que bom, pelo menos não ficou sozinho.
- Mas não é você.
Silêncio. Só ouviam as duas respirações.
-Ana?
- Oi.
- Quero lhe ver.
- Não sei se devo.
Eduardo entra na cozinha e pergunta.
- Oi amor, quem é?
- Uma amiga da academia, nada demais. – Fala sussurrando e tampando o fone.
Ele pega uma bebida na geladeira e volta para a sala.
- Ana?
- Oi, estou aqui.
- Por favor, preciso lhe ver. Preciso falar com você.
- Ricardo, olha só, estou tentando deixar as coisas bem no meu casamento, por isso acho que não devo fazer isso. O que vou dizer a ele?
- Não precisa ser na academia. Pode ser em um shopping, café.
- Tá, tudo bem. Mas promete que será rápido?
- Sim, ao menos vou tentar.
- Então tá bom, amanhã, às 15 horas, no shopping perto da academia, na praça de alimentação.
- Sim, combinado. Vou contar as horas pra...
- Ok, Ricardo, até amanhã.
Corta a conversa bruscamente e desliga. Já estava nervosa, tremendo, por ter ouvido a sua voz e pela possibilidade de vê-lo. "Meu Deus, não me deixe sair do meu foco, que é meu casamento. Não posso me deixar levar", pensou Ana.
- Amor, já desligou? Vem pra cá, vem. – Gritou Eduardo da sala.
Ana respirou fundo e disse:
- Já desliguei sim. Um minuto, estou indo.
Tomou um gole de água, molhou os pulsos, o pescoço. Precisava se sentir aliviada daquele calor. Precisava se livrar daquela voz que estava no seu ouvido. Mas já era tarde. O som aveludado aqueceu o seu coração e suas lembranças, por um instante foi capaz de sentir a mão de Ricardo pegando na sua cintura e depois seu impulso, fazendo-a rodar e cair de novo em seus braços.
Ana voltou para a sala, mas seus pensamentos não estavam ali. Ficou mexida com a ligação. Foi inesperado. Estava ali, tentando esconder de si sua reação, seus pensamentos. Mas depois percebeu que era inútil. Já estava contando as horas para o encontro.
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