Por: G1 MS
Dulci diz que tem sido criticada por conta de sua decisão |
Dulci afirma ao G1 que tomou uma decisão polêmica, vista com preconceito por outras pessoas. "Antes, me criticavam porque eu era garota de programa, vendia sexo. Agora que eu decidi me converter, aceitar Deus e mudar de vida, também sou criticada. Que sociedade é essa em que vivemos, em que as pessoas se acham no direito de julgar?", questiona.
Durante o tempo em que fazia programas, o lado financeiro sempre a impedia de abandonar o ofício. "Infelizmente durante esses meses eu optei pela forma mais rápida de ganhar dinheiro, mas isso não quer dizer que era a forma mais fácil. Nunca foi fácil transar com outros homens. A primeira vez foi tão difícil que não consegui", lembra.
O desejo de mudar de vida era, segundo ela, conflito psicológico. Largar ou não a profissão que rendia tanto? Dulci fala que obteve uma resposta, segundo ela, por “ironia do destino” durante encontro com um cliente.
"Chegamos no quarto e eu já estava preparada para fazer o que sempre fiz com os clientes, mas ele falou que não queria nada comigo e que estava ali porque Deus o havia mandado para me ajudar. Pediu para eu me olhar no espelho e falou que eu era uma menina bonita, gente boa e que eu não precisava mais fazer aquilo. Que Deus tinha um propósito na minha vida", relata.
Essa pessoa, de acordo com a empresária, lhe deu um livro evangélico, inicialmente ignorado por ela. "Eu não queria ler porque no fundo eu sabia que se eu me aproximasse de Deus ia acabar largando essa vida", afirma.
Dulci conta que certo dia sua sobrinha abriu o volume aleatoriamente e leu um trecho dizendo que “Deus nos dava o caminho das bençãos e maldições e que eu deveria escolher o que eu quisesse", relata. Na semana seguinte, foi convidada para assistir a um culto e aceitou.
Momento de fraqueza
Livro mudou minha vida |
A vida de garota de programa começou depois que a empresária, na época vendedora em uma loja de roupas e já proprietária da loja que tem hoje, começou a trabalhar também em casas noturnas fazendo recepção de clientes.
Entretanto, segundo ela, não dava para pagar todas as contas. Nesse momento apareceu a oportunidade de sair com homens em troca de dinheiro. "Foi um momento de fraqueza", afirma.
Ela diz ter ficado indignada com a forma como a sociedade valoriza as pessoas. "As pessoas valorizam mais uma pessoa que vende o corpo e o sexo do que uma vendedora de uma loja de roupas. É revoltante você saber que trabalhava 12 horas por dia para ganhar R$ 2 mil, no máximo, e que em uma hora de programa tira R$ 300. Os valores da sociedade estão errados", afirma.
Mesmo sem arrepender-se, Dulci diz que tomaria rumo diferente na vida se tivesse chance. "Eu não repetiria isso. Hoje enxerguei que tenho capacidade para ganhar dinheiro de outra forma, sem desrespeitar os ensinamentos da minha mãe e de Deus. Não quero voltar atrás nunca mais. É uma decisão definitiva. Só quem conhece Jesus sabe o quanto ele nos dá paz para tomar decisões", declara.
Sobre os desafios de manter-se no caminho da religião, Dulci diz que vai ser uma luta diária. "Ele [Deus] não disse que seria fácil. Servir a Deus é um desafio constante. Todos os dias o pecado vem e bate na sua porta. Mas quando você está firme no seu propósito fica mais fácil", afirma.
Para o futuro, Dulci conta que pretende se fortalecer na religião para tirar outras mulheres da vida da prostituição. "Por enquanto eu estou me fortalecendo, conhecendo mais sobre Deus e adquirindo sabedoria, para poder fazer esse trabalho de ajuda", explica.
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