Por: Redação, Eclesia
O Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como o Banco do Vaticano, anunciou hoje que já verificou 55 por cento das contas dos seus clientes, com prioridade aos “maiores e mais ativos”.
A instituição emitiu um comunicado dando conta dos passos que têm sido dados no “processo de reforma em curso”, que está a ser acompanhado por uma comissão de inquérito nomeada pelo Papa Francisco.
"O IOR realizou um exame sistemático dos arquivos de todos os clientes para identificar qualquer informação em falta ou incompleta. Até o final do ano (de 2013), o IOR examinou aproximadamente 55% dos clientes, cerca de 10 mil, e entrou em contacto com todas as pessoas cujos dados estavam incompletos", refere a nota de imprensa, divulgada através da internet.
O comunicado acrescenta que “todo o processo deve decorrer ao longo da primeira metade de 2014”, depois de ter sido dada prioridade “aos clientes maiores e mais ativos”.
A verificação, acompanhada pela Autoridade de Informação Financeira (AIF) da Santa Sé, está a excluir da lista de clientes as contas que não pertencem a instituições católicas, clérigos, empregados ou antigos empregados do Vaticano, além de embaixadas e diplomatas acreditados junto da Santa Sé.
O IOR sublinha que este procedimento não se relaciona com quaisquer “suspeitas de infração da legislação contra lavagem de dinheiro”.
“Como instituição da Igreja Católica, temos uma responsabilidade particular de atingir os padrões mais elevados que são justamente esperados de nós. Temos trabalhado com afinco para melhorar a consonância, transparência e os processos dentro do Instituto e, embora ainda haja muito trabalho diante de nós, não há dúvida de que estamos no caminho certo”, declarou o presidente do IOR, Ernst von Freyberg.
O Instituto apresentou em julho de 2013 um relatório anual, pela primeira vez, revelando um lucro de 86,6 milhões de euros em 2012.
A primeira lei contra o branqueamento de capitais no Estado da Cidade do Vaticano entrou em vigor a 1 de abril de 2011, no pontificado de Bento XVI.
O ‘Banco’ do Vaticano gere perto de 18 900 contas, correspondentes a 6,3 mil milhões de euros em ativos; entre 2011 e 2012 foram fechadas mais de 2000 contas “inativas”.
As ordens religiosas representam metade dos clientes, seguidas pelos trabalhadores da Santa Sé e das nunciaturas [embaixadas] (15%); cardeais, bispos e clero (13%); dioceses (9%).
O Papa Francisco criou em junho de 2013 uma comissão de inquérito para o IOR, que tem como finalidade recolher "informações precisas sobre a situação jurídica e as várias atividades do Instituto".
O Instituto para as Obras de Religião foi fundado em 1942 por decreto papal e o seu objetivo é “servir a Santa Sé e a Igreja Católica em todo o mundo”, destaca o Vaticano.
O IOR protege o património de um grupo “claramente determinado de pessoas físicas e jurídicas” com filiação na Igreja Católica, definida pelo direito canónico ou pelo direito do Estado da Cidade do Vaticano.
O governo do instituto é constituído por uma comissão cardinalícia, um prelado, um Conselho de Supervisão e uma direção.
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