Por: Redação, diariodonordeste
Vereador Antônio Henrique (PROS) |
Para cientistas políticos, a produção dos vereadores voltada para assuntos ligados à religião mostra a fraqueza do Parlamento ao utilizar o Poder Legislativo para priorizar interesses de grupos particulares e realça a tênue linha entre a Igreja e o Estado.
A apresentação de projetos com teor religioso não parte apenas dos vereadores que têm os fieis como a principal base eleitoral. O vereador Vitor Valim (PMDB) foi um dos que contribuíram para ampliar a produção voltada para grupos religiosos. Ele apresentou 9 matérias no ano passado e uma delas foi o projeto de Lei dando o título de utilidade pública à Associação Shalom de Promoção Humana.
Privatização
O vereador Antônio Henrique (PROS) apresentou cinco matérias referentes ao assunto e uma delas é o requerimento em que solicita a realização mensal de um culto evangélico no auditório da Câmara Municipal. Ele também pediu a realização de sessão solene para celebrar o aniversário de uma Igreja localizada no Conjunto Esperança.
O presidente da Casa, Walter Cavalcante (PMDB), também utilizou a religião como uma de suas principais bandeiras. Durante o ano passado, o vereador comemorou a aprovação de um projeto de Lei Ordinária em que instituiu o evento religioso “Evangelizar é Preciso” como data oficial no calendário da Capital.
Na avaliação do cientista político Uribam Xavier, a quantidade expressiva de propostas ligadas à religião é resultado do enfraquecimento ideológico. Para ele, a política de representação se concentra no atendimento às necessidades de pequenos grupos, criando uma espécie de privatização do Legislativo.
“O sistema político ficou vazio de ideologia. Diante disso, os grupos religiosos avançaram e as pessoas começaram a ver que a forma de se perpetuar no poder seria o de permanecer nesses grupos, criando a política da troca de favores. Temos hoje uma privatização da política. O Parlamento se concentra em fazer favores a grupos privados”, disse.
Para o cientista político Francisco Moreira, a produção legislativa voltada à religião é mais uma prova de como o Parlamento se concentra em cima de questões pontuais, deixando em segundo plano os interesses que atingem a maioria da população.
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